Filho do agricultor José Raimundo da
Silva e da dona de casa Maria José de Araújo Silva, ele nasceu na cidade de São
Bento do Trairi, na região agreste potiguar, em 7 de fevereiro de 1964. Na
infância humilde, sua família, que conta com mais quatro irmãos, chegou a
passar dificuldades. “Meu pai, mesmo sendo rude para a vida, teve uma certa
sabedoria. Decidiu vir para a capital, pois queria que seus filhos se
desenvolvessem”.
Em 1973, aos 9 anos, Francisco Araújo
Silva passou a morar em Natal, no bairro que anteriormente tinha o nome de
Peixe Boi (atual Felipe Camarão). “Meu pai veio trabalhar como borracheiro nas
Quintas. Eu também trabalhei na borracharia”. Mesmo na capital, as dificuldades
ainda eram grandes. “Nosso bairro não tinha água encanada nem energia elétrica
quando chegamos. Eu estudava à luz de candeeiro. Eu assisti os postes de
energia serem colocados al u a estudar no então Grupo de Estudo 12 de Outubro,
no bairro vizinho de Bom Pastor. Estudava em um período e trabalhava na
borracharia no outro. “Com as gorjetas que ganhava, ajudava o meu pai a comprar
o material escolar. Ele fazia todo esforço possível para que estudássemos”.
Ainda na adolescência, o coronel fez curso de língua inglesa, no qual se formou
em 1982. Araújo Silva ressalta que estudou toda a vida em instituições públicas,
mesmo o nível superior.
Foi na adolescência que Araújo Silva
diz ter despertado o desejo pela carreira militar. Aos 17 anos, ingressou no
Exército e chegou a fazer o curso para oficial da força. “E foi no Exército que
se consolidou essa vocação. Tinha uma enorme vontade de ser um oficial da
Polícia Militar”. Em 1984, passou em primeiro lugar para o concurso de oficial
PM do Estado e estudou na academia de Polícia em Pau d’Alho (PE).
juntamente com outros dois
brasileiros, a força de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) em
Moçambique, na África. “Uma das coisas que me marcou nessa viagem foi o fato de
estar fazendo, de navio, o trajeto contrário de muitos escravos africanos, como
tinha estudado nos livros de História”.
Dessa missão, o comandante tirou
lições para a sua vida. Uma delas foi tirar a visão de superioridade que tinha
de estrangeiros. “Eu achava, naquele tempo, que os americanos e europeus eram
mais preparados que nós. Eram uns super-homens. Mas, depois, percebi que os
brasileiros eram, na verdade, bem mais desenrolados. Conquistávamos as pessoas
com mais facilidade, até mesmo nossos superiores”.
Outra lição de vida para Francisco
Araújo nessa viagem foi o que ele chama de “visão de vida do moçambicano”.
“Quando cumprimentávamos os nativos, eles sempre nos recebiam com um enorme
sorriso no rosto e diziam logo: amigo brasileiro. E tomei essa visão para mim”.
Além dessa viagem, Araújo Silva ainda
estudou na Espanha e em Chile. Em ambos os casos, ele teve a oportunidade de
conhecer diversos países. “Sempre fui econômico. Juntava parte do que ganhava
com a bolsa de estudo e viajava, por conta própria, pelos países”. Tais
“passeios” lhe renderam algumas realizações pessoais. “Pude conhecer as
principais instituições de segurança pública da Europa. Também fui a lugares
que quis muito conhecer, como o museu do Louvre, na França. Vi a tumba de
Napoleão, o túmulo de Galileu Galilei e de Maquiavel, entrei no Palácio de
Versalhes, entre outros pontos turísticos. Emocionava-me em pensar que o menino
que andava a pé no Peixe Boi estava ali, conhecendo os lugares onde a
humanidade fez história”.
FONTE -BLOG DA SARGENTO GLÁUCIA
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